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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Castelo de Sade (perversidades literárias)

    Golpes fortes no corpo do texto, chicote em cadência cardíaca. A poeta procura a perversidade literária.
    - Venham a nós as vagabundas formas de amor! Venham leitores!
    Tintas fortes, camas resistentes e algemas. Sou canhota e me orgulho disso. A culpada de tudo foi a bela professora de alfabetização que em meio a encontros consonantais ensinou-me os mistérios da palavra. 

    Chegamos à origem da tragédia, à causa da patologia: a poeta está acorrentada a sadismos, a vícios de linguagem. Torturo-os leitores, suportem, sei que gostam.
    - Ser canibal dos leitores, milhares deles, perfilados numa noite suja.
    Objetivo único da sádica escritora é envolver, conduzir, dialogar, entreter, fetichear, fantochear os leitores, deleite! Por fim, fazer-vos ter prazer na dor.

    Em minha última encarnação fui o Senhor de Sade. Ela, a encarnação, foi literária, claro. Escrevi nas paredes dos hospícios com tinta de sangue e fezes. Minha alma: inscrição perversa destilada em vários fascículos. 
    Voltemos aos milhares de leitores esperando a hora da execução:
    - Algemas senhores, é a exigência que não se cala. 

    Só garanto-lhes uma coisa -o prazer, mesmo que à custa das suas vidas, ou de algumas dores. Cuidado!  São páginas de perversidade.
    - Algemas colocadas, agora percebam como não conseguem soltar o livro. Leiam a voz de comando. Venham, entendam como é doce a submissão.
    Cuspo palavras nas suas caras escancaradas, glória! E vocês continuarão a ler, rastejando migalhas pelo chão da página.

Farejando o poema imundo num fim de noite no castelo de Sade.
Golpe sujo! Golpe na epiderme do cérebro. Bem devagar e com absurdo prazer.
    - Amo torturar-vos e amam a tortura.

    Bem vindos ao calabouço! Aqui onde as expressões de tortura e as frases de prazer tingirão as letras do verso.
    - Ah, o sangue doce e desavisado dos leitores, meu vinho predileto!
    Como vocês me pertencem, jogo no assoalho do texto doces perversidades.  Vão lambê-las, ávidos de obediência, sequiosos de intimidade. Mas, não esqueçam nunca as intenções doentes do autor. Nunca!
    - Nada como conhecer as acomodações do nosso castelo, não acham? Voltem sempre!

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