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sábado, 21 de julho de 2012

Marque-me

Os jogos de poder e sedução nos acompanham desde a infância. Jogamos com pais,irmãos, vizinhos...
Jogamos ensinados pelos pais na economia do afeto, nas punições, nas prêmios de subserviência. Repetimos o que aprendemos.
Ser masoquista como eu sou é ser sincera. Procuro os jogos e brincadeiras de felicidade.
Por tanto marque-me com suas inscrições de amor. Marque-me forte até o dia amanhecer. Para que eu possa lembrar o que é felicidade.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A MIM ME GUSTAM LAS MUCHACHAS PUTANAS




Dessas que chupam as bolas
... que entram de sola
das que não tem meio termo
que abrem as pernas e não pedem arrego
dessas depiladas, peladas, liberadas
eu as quero desarmadas
de boca esporrada
Eu as quero do jeito que for
tocando bongô
com a boca no microfone
chamando meu nome
no meio da chuva
dessas que passam gel no cabelo
que a gente flagra no banco traseiro do carro
dessas que dizem os diabos
que agarram o seu pescoço
que sempre dão o troco
dessas com aros em forma de brinco
que sabem segurar um pinto
essas entendem o que eu sinto
essas sabem que eu não brinco
se entopem de vodka assistindo Mtvê
essas nunca vão chorar por você
não vão mentir pra você
não tem por que
não vão contar histórias
não vão dizer que você foi a melhor foda
não vão querer o seu sangue, só o seu dinheiro
não vão querer flores, nem caixas de bombons
não te arrastam pra igreja
só se encharcam de cerveja
e se eu digo: pra mim chega.
elas guardam o batom e vão embora
nunca estão de calcinhas
quando descem as escadas
estão sempre dançando
mordendo
chegando de táxi a uma da manhã
elas não são puras, são putas
não querem o céu
não sabem quem é Nina Simone
não querem o meu número de telefone
paixão elas tiram de letra
encaram qualquer treta com uma chave de boceta
Adoro essas putas loucas
caindo de boca
que nunca ouviram um blues
fazem chupeta e dão o cu
Eu as quero sujas
num beco escuro, atrás do muro
meu pau duro abrindo caminho
desprezando carinho
fissura de vinho
na segunda-feira
gozando de primeira
comendo pastel na feira
maquiadas
peladas
desbocadas
a mim me gusta
que se fodam as puras
que gozem as putas.

poema de Mario Bortolloto

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A dor é fabulosa

 Deixem espaço pra dor
 A dor conta histórias, tem devir. 
A felicidade é terminal. Engasga na garganta do canibal.
Sou um canibal sem rosto a serviço da dor.
Meu deus é a dor.



Laisser la place à la douleur


La douleur raconte des histoires, a un devenir
Le bonheur est terminale.
Étouffe dans la gorge du cannibale.
Je suis un cannibale anonymes au service de la douleur.
Mon dieu est la douleur.

domingo, 11 de setembro de 2011

BDSM ROMANCE


Puxou-me no canto da rua em cantada barata de mais um carnaval. Já era noite e o som alto dos batuques permitia berros de paixão. Então, deu-se a cena. Beco escuro/prendeu-me na parede cravejada de grafite/espancou-me o body, só um pouco de dor pra cena começar.

–De quatro, no chão!

E foi só a descida vertigem e suas botas em grande angular.

–Beija a bota e limpa...neném...

Língua arrastando etílica na bota do sujeito não sei quem. Cena em preto azulada. O neon da boate de quinta a desafiar-me, em tom menor, o foda-se. Ruas estreitas/pensamentos idem. Sou fundadora da minha tribo, salto do concreto piche para as melhores camas desse mundo apocalíptico barato que impuseram-me.

- Levanta o rosto neném...levanta pra apanhar!

Tava começando a melhorar, o papai resolveu virar gente no meio do meu jantar...Vem meu amor surpreenda-me com o seu não. Dito/feito e sacramentado, me largou ali ,sem mais B.O. Escarrou-me a cara não sem antes jogar a rede, em forma de cartão, no chão da pista, a pista... Seu numero no céu. Estrelei-me e constelei-me no enfiado da cena. Porra e nem era Tarantino...

Cena dois/tomada um...Tomada de ódio caída de chão & satisfeita.

Ele é o cara!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Cedo amadureci e fui altamente estimulado, ao ter em mãos, aos dez anos de idade, as lendas dos mártires. Recordo-me de ter lido horrorizado, ainda que com verdadeiro prazer, como feneciam nas prisões, ou eram colocados em espetos, transpassados de flechas, fervidos em pez, lançados às feras, ou então como padeciam na cruz, e de como a tudo isso padeciam com uma espécie de alegria. Sofrer, suportar cruéis tormentos apareceram-me como prazer, tanto mais se infligidos por uma bela mulher, que para mim desde sempre concentrou toda a poesia, como tudo o que há de demoníaco. A ela rendi formal e cerimonioso culto.”
de “A vênus das peles" de Sacher Masoch

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Madame de Sade lia histórias enquanto seu marido cometia atrocidades em nome do prazer...
Se pensarmos para além do bem e do mal, para além do pensar judaico/cristão, entenderíamos de forma diversa o mal em si. Criamos o conceito do mal para nos afastarmos do grande perigo que é encararmos nossos próprios demônios. Nada esta fora de nós, nossas fantasias são nossas, vieram de dentro. Portanto temos aí uma divisão entre o mal dentro e o mal fora. O mal dentro nós nos é altamente familiar e a medida não existe. Dentro de nós o mal não tem limite. Por fora o mal é gerenciado com o nome de poder. E aí entram os limites e leis e a ferramenta básica do Demo: o dinheiro. Com a moeda compro almas. Admitamos isso é fato. Uma pessoa muito rica compra o que quer até o consentimento da sociedade em relação aos seus atos , sejam eles pérfidos ou não. Compro meu direito de exercer o mal com a moeda do Tinhoso e exerço-o na rapidez da lâmina da espada, na imparcialidade do fogo, na astúcia da água e na onipresença do ar.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ruby


Salva-me
purifica-me com seus tapas
suspenda-me ao altar do seus olhos
e num ritual macabro
beba meu sangue
no consentimento dos dias que virão